Obcecados por rituais...

Passeando por alguns livros do momento... eis que me deparei com este: Comer, Rezar e Amar de Elizabeth Gilbert... Apesar da proeminência que é dada às religiões orientais, com toda sua disciplina e dedicação que não podemos descartar, algo me chamou atenção e gostaria de compartilhar com vocês:

“Durante horas por dia, o santo e seus seguidores meditavam sobre Deus. O único problema era que o santo tinha um gato jovem, uma criatura irritante, que costumava atravessar o templo miando, ronronando e incomodando todo mundo durante a meditação. Então o santo, com toda sua sabedoria prática, ordenou que o gato fosse amarrado a um poste do lado de fora durante algumas horas por dia, apenas enquanto durasse a meditação, para não incomodar ninguém. Isso se tornou um hábito - amarrar o gato ao poste e, em seguida, meditar sobre Deus - mas, com o passar dos anos, o hábito se consolidou, transformando-se em um ritual religioso. Ninguém conseguia meditar a menos que o gato fosse amarrado ao poste primeiro. Então, um dia, o gato morreu. Os discípulos do santo entraram em pânico. Foi uma enorme crise religiosa - como poderiam meditar agora sem um gato para amarrar no poste? Como conseguiriam alcançar Deus? Em suas mentes, o gato tornara-se o meio.”

Naquele momento, o santo ou iogue não sei ao certo, amarrava o tal gato porque ele lhe atrapalhava. Logo após, isso passa a ser um hábito e o gato se tornou o meio para que os seguidores pudessem chegar até Deus. Nada disso era necessário, mas os seguidores achavam que Deus somente os receberia se eles amarrassem o gato. Morre o gato e eles se afastam de Deus.

O desejo de Deus é somente que vivamos e busquemos conhecê-lo. Nada mais que isso. Acho que Ele mesmo já está cansado de jargões que nos alimentam o ego e depredam nossa alma e não nos leva para lugar algum; apenas nos distraem e nos tiram do foco principal: o relacionamento com Ele.

Porque somos tão obcecados por rituais? Até que ponto os clichês e jargões religiosos têm feito sentido em cada um de nós? Até que ponto tudo isso tem sido mais importante que o meu relacionamento, a minha busca, a minha procura por Deus?

Devemos tomar cuidado para que não nos tornemos obcecados com o ritual religioso por si só. Deus vai além disso. E o ritual por si só não nos levará a lugar nenhum.